As principais ideias de Santo Agostinho sobre o Espírito Santo
- O Espírito Santo é o Amor que une o Pai e o Filho.
- O Espírito Santo é o Dom por excelência (Donum Dei).
- O Espírito Santo habita nos corações dos fiéis.
- O Espírito Santo é espelhado na alma humana como Amor/Vontade.
- O Espírito Santo é o princípio de unidade da Igreja.
- O Espírito Santo é o selo e penhor da salvação (Ef 1,13).
- O Espírito Santo é a alma da Igreja, seu princípio vital.
- O Espírito Santo é a luz interior da inteligência (iluminação da mente).
- O Espírito Santo purifica os desejos e ordena o amor (caridade).
- O Espírito Santo é quem nos ensina a orar (oração como desejo).
1. O Espírito Santo como o Amor entre o Pai e o Filho
Para Agostinho, o Espírito Santo é, por excelência, o Amor que une o Pai e o Filho na Trindade. Ele escreve: “O Espírito Santo é a comunhão do Pai e do Filho.”(De Trinitate, V, 11)
Esse Amor não é apenas um sentimento ou força, mas uma Pessoa divina, igual ao Pai e ao Filho. Ele procede do Pai e também do Filho (Filioque).
2. O Espírito Santo como Dom de Deus
Agostinho insiste que o Espírito Santo é chamado nas Escrituras de “Dom” (donum Dei), não por ser algo criado, mas porque Ele mesmo é o Dom divino por excelência — Aquele que nos é dado para termos comunhão com Deus.
“O Espírito Santo é o dom que é Deus.”
(De Trinitate, XV, 17)
Ele é o presente do Pai e do Filho ao mundo, o selo da nossa adoção como filhos.
3. O Espírito Santo habita nos corações dos fiéis
Agostinho ensina que o Espírito Santo é quem habita interiormente nos fiéis, transformando seus corações e tornando-os templos vivos de Deus. É Ele quem nos une a Deus pelo amor, derramando caridade em nossos corações (cf. Rm 5,5).
“O Espírito de Deus habita em nós como em seu templo.”
(Sermão 127)
4. A imagem da Trindade na alma humana
Agostinho ensina que a Trindade pode ser refletida, ainda que imperfeitamente, na estrutura da alma humana. Ele vê na alma três faculdades: memória, inteligência e vontade, e compara a vontade amorosa da alma ao Espírito Santo. Assim como o amor une aquele que conhece com aquilo que é conhecido, o Espírito Santo une o Pai que gera e o Filho que é gerado.
5. O Espírito Santo como princípio de unidade.
Na Igreja e na humanidade, o Espírito Santo é o grande princípio de unidade e comunhão. Ele une os fiéis entre si e com Deus, constituindo o Corpo de Cristo. Assim, Ele é alma da Igreja, que distribui dons e carismas para o bem comum.
6. O Espírito Santo como selo e penhor da salvação
Agostinho vê o Espírito Santo como o selo espiritual (sacramentum) impresso na alma do fiel, principalmente pelo batismo e pela crisma, garantindo-lhe identidade como filho de Deus.
“O Espírito Santo é chamado penhor, porque por ele nos é dado ter certeza da futura herança.”
(De Trinitate, XV, 18)
Ele interpreta Efésios 1,13–14 à luz dessa teologia: o Espírito é como o “selo real” que autentica nossa pertença a Deus.
7. O Espírito Santo age na Igreja como o princípio vital
Para Agostinho, o Espírito Santo é a alma da Igreja: o que o Espírito é para o corpo humano, Ele é para o Corpo de Cristo. Sem Ele, a Igreja seria uma estrutura morta. Ele dá vida aos sacramentos, distribui carismas, fortalece a caridade e sustenta a unidade.
“O que a alma é para o corpo do homem, o Espírito Santo é para o Corpo de Cristo, que é a Igreja.”
(Sermão 267)
8. O Espírito Santo é luz interior para a inteligência
Agostinho afirma que só conseguimos conhecer a verdade com a ajuda da luz interior, que é o próprio Deus. O Espírito Santo ilumina a mente para entender as Escrituras e para discernir a vontade de Deus.
“O Espírito ensina interiormente. Onde falta sua unção, é inútil a palavra externa.”
(Comentário ao Evangelho de João, Trato 3,13)
9. O Espírito Santo purifica os desejos desordenados
Uma das funções centrais do Espírito Santo na alma é ordenar o amor humano, curando o coração do egoísmo, do orgulho e da luxúria. Agostinho liga a presença do Espírito ao progresso na caridade verdadeira, ou seja, a amar as coisas certas do modo certo.
10. O Espírito Santo nos torna orantes autênticos
Agostinho valoriza a doutrina paulina de que o Espírito intercede por nós com “gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Para ele, o próprio Espírito é quem desperta a oração dentro da alma — especialmente a oração que brota do desejo ardente por Deus.
“O teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração o será.”
(Comentário ao Salmo 37)
Bibliografia Consultada
De Trinitate (A Trindade)
- Enarrationes in Psalmos (Comentários aos Salmos)
- In Iohannis Evangelium Tractatus (Tratados sobre o Evangelho de João)
- Confessiones (As Confissões)
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