As Boas Maneiras são Expressão da Caridade Segundo a Doutrina Católica

Crianças visitam amigo no hospital


A justificação para as boas maneiras reside principalmente no respeito pela dignidade da pessoa humana e na virtude da Caridade – que é a forma suprema de todo o agir cristão.

Aqui estão as ideias centrais que justificam a necessidade de ter boas maneiras:

1. Boas Maneiras como Expressão da Caridade

A Caridade (o amor eficaz) é o "vínculo da perfeição" e a plenitude da lei. As boas maneiras e a cortesia são consideradas manifestações práticas dessa virtude no trato com o próximo:

  • Amor em Ação: O amor (caridade) nunca deve ser colocado em risco, e o maior perigo é não amar. O amor se expressa não só nas relações íntimas, mas também nas "macrorrelações" sociais.
  • Serviço Fraterno: O cristão pode converter os múltiplos pormenores dos hábitos humanos (como a urbanidade e a cortesia) em atos de caridade, ao praticá-los por amor a Deus. Essa caridade transforma essas virtudes em hábitos mais firmes e lhes confere um horizonte mais elevado.
  • Vencer o Egoísmo: A caridade não busca o proveito próprio. Os gestos de cortesia (como servir a pessoa ao lado, esperar pelos outros) são uma disciplina constante para o coração que luta para vencer o egoísmo e a vaidade.

2. O Respeito Inalienável pela Dignidade Humana

A moralidade exige que todo o agir humano seja conforme à dignidade da pessoa, que é a imagem de Deus.

  • Dever de Respeito: Todo ser humano é pessoa, sujeito de direitos e deveres. O respeito pela pessoa humana implica respeitar os direitos que decorrem de sua dignidade. As relações justas na sociedade supõem o mútuo e natural bem-querer que convém à dignidade das pessoas humanas.
  • Tratar o Próximo como 'Outro Eu': O respeito exige que se trate o próximo, sem exceção, como 'outro eu'. As boas maneiras são a forma visível de reconhecer essa dignidade e respeitar a intimidade da pessoa.
  • Amabilidade: A amabilidade (que é uma forma de boas maneiras) pressupõe estima e respeito e é capaz de criar uma convivência sadia que vence as incompreensões e evita os conflitos. O exercício da amabilidade não é insignificante; ele transforma profundamente o estilo de vida, as relações sociais, o modo de debater.

3. Manifestação da Virtude da Temperança

As boas maneiras à mesa especificamente são justificadas pela virtude cardeal da temperança:

  • Moderação e Equilíbrio: A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Ela assegura o domínio da vontade sobre os instintos e ajuda a evitar o abuso da comida.
  • Humanização: A temperança humaniza o homem e possibilita a sua plenitude.

4. Coerência entre o Exterior e o Interior

As boas maneiras não são meramente superficiais, mas reflexos necessários do estado moral interno:

  • O Vestido Moral: As belas maneiras são como o vestito moral do homem. Pelo exterior de uma pessoa se conhece o seu interior, pois os movimentos externos são sinais das disposições internas.
  • Coerência Moral: A compostura externa está em íntima relação com a afabilidade e com a verdade. O ato moralmente bom supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias. As boas maneiras se enquadram nas circunstâncias da ação que podem agravar ou diminuir a bondade moral.

Em suma, as boas maneiras são um dever que nasce da justiça para com o próximo e é animado pela caridade, sendo a forma através da qual o cristão demonstra domínio de si (temperança) e respeito pela dignidade alheia.

Sugestão de Leitura

Exame de Consciência segundo as Bem-Aventuranças: Reflexões práticas para viver as bem-aventuranças e alcançar a verdadeira felicidade.

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