O Natal: Encontro com o Deus Feito Homem
Meus filhos, contemplemos com alma comovida este mistério inefável: a antiga promessa de Deus se cumpre diante dos nossos olhos com o nascimento de Jesus, o eterno Verbo de amor do Pai, que se fez carne mortal e veio habitar entre nós como "Emanuel", Deus conosco. Que alegria imensa deve inundar os nossos corações! O Natal marca verdadeiramente o fim da longa espera da humanidade sedenta de liberdade, de paz autêntica e de salvação do pecado. É a aurora da esperança que ilumina todos os homens de boa vontade.
Nós, cristãos espalhados pelos quatro cantos do mundo, celebramos com júbilo o nascimento do Salvador, reconhecendo neste acontecimento singular a intervenção direta de Deus na história humana para nos oferecer a salvação. Mas detenhamo-nos um instante para admirar a pedagogia divina: o que se apresenta aos nossos olhos no Natal é um recém-nascido frágil, protegido pelas mãos carinhosas de uma Mulher, envolto em panos simples e colocado numa humilde manjedoura. Esta imagem tocante revela-nos o rosto humano de Deus e permite-nos descobrir o "Filho do Altíssimo" numa forma tão vulnerável, apesar da Sua natureza divina.
A noite de Natal converte-se assim numa verdadeira escola de fé e de vida, convidando-nos a contemplar Cristo através dos olhos puríssimos de Maria e a encontrá-Lo precisamente na Sua humildade. Que lição extraordinária para as nossas almas tantas vezes tentadas pela soberba! Como nos ensina o apóstolo Paulo, "a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens" através de Jesus. Esta graça é o amor misericordioso de Deus que conduz toda a história da salvação.
A Encarnação de Jesus na nossa natureza humana é já uma antecipação da Sua manifestação gloriosa no fim dos tempos, oferecendo-nos um caminho seguro para o encontro com o Cristo glorioso. Por meio da Sua Encarnação, Jesus ensina-nos a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, vivendo com prudência, justiça e piedade no tempo presente, enquanto aguardamos com esperança a Sua vinda definitiva.
Fixemos o nosso olhar nesta Criança deitada na pobreza de uma manjedoura: é um sinal divino que permanece através dos séculos e dos milénios. Este sinal humilde oferece esperança para toda a família humana, paz para quantos sofrem com os conflitos, libertação para os pobres, misericórdia para os pecadores e consolo para os que se sentem sós. Somos chamados a reconhecer neste sinal pequeno, frágil, humilde e silencioso a riqueza do poder de Deus, que se fez homem por amor, e a extrair força da sua mensagem para enfrentar todos os aspectos da vida inclusive do sofrimento humano.
O Natal do Senhor inspirou santos ao longo da história: São Bernardo, São Francisco de Assis - criador do primeiro Presépio vivo -, Santa Teresa do Menino Jesus, que nos repropôs o espírito autêntico do Natal. Estes exemplos luminosos demonstram-nos o profundo impacto espiritual do Natal, que convida continuamente os fiéis a uma reflexão mais profunda da fé vivida no quotidiano. No Natal somos encorajados a abraçar o espírito autêntico desta festa, rejeitando o orgulho moderno e abraçando a humildade como caminho seguro para Deus.
Aproximemo-nos, pois, da manjedoura com os pastores, contemplando o Menino Jesus envolto em faixas e deitado sobre a palha. Este ato de adoração silenciosa, junto de Maria, significa um encontro pessoal e transformador com o Salvador divino. Ofereçamos glória e louvor ao divino Salvador do mundo, fomentando nos nossos corações um espírito de adoração e de gratidão profunda pela Sua Encarnação. Que este mistério de amor nos transforme e nos lance pelos caminhos do mundo como portadores da Boa Nova!


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